Terminologia
O termo “aquecimento global” é um exemplo específico do termo mais
abrangente “mudança climática”, que também pode se referir a esfriamento global. No uso comum, o termo se refere
ao aquecimento recente e subentende-se uma influência humana. A Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (UNFCCC)
usa o termo “alteração climática” para mudanças causadas por humanos, e “variabilidade climática”
para outras mudanças. O termo “alteração climática antropogênica” algumas vezes é também usado quando se fala em mudanças causadas
pelo homem.
Evidências do aquecimento
global
A principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura de
estações meteorológicas em todo o globo desde 1860. Os dados com a correção dos efeitos de "ilhas urbanas" mostra que o aumento
médio da temperatura foi de 0.6 ± 0.2 ºC durante o século XX. Os maiores aumentos foram em dois períodos: 1910 a 1945 e 1976
a 2000. De 1945 a 1976, houve um arrefecimento que fez com que temporariamente a comunidade científica suspeitasse que estava
a ocorrer um arrefecimento global.
O aquecimento verificado não foi globalmente uniforme. Durante as últimas décadas,
foi em geral superior entre as latitudes de 40°N e 70°N, embora em algumas áreas, como a do Oceano Atlântico Norte, tenha
havido um arrefecimento. É muito provável que os continentes tenham aquecido mais do que os oceanos. Há, no entanto que referir
que alguns estudos parecem indicar que a variação em irradiação solar pode ter contribuído em cerca de 45–50% para o
aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000.
Evidências secundárias são obtidas através da observação das variações da cobertura
de neve das montanhas e de áreas geladas, do aumento do nível global das mares, do aumento das precipitações, da cobertura
de nuvens, do El Niño e outros eventos extremos de mau tempo durante o século XX.
Por exemplo, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área que é coberta
por neve desde os anos 60. A área da cobertura de gelo no hemisfério norte na primavera e verão também diminuiu em cerca de
10% a 15% desde 1950 e houve retração os glaciais e da cobertura de neve das montanhas em regiões não polares durante todo
o século XX. No entanto, a retração dos glaciais na Europa já ocorre desde a era Napoleônica e, no Hemisfério Sul, durante
os últimos 35 anos, o derretimento apenas aconteceu em cerca de 2% da Antártida; nos restantes 98%, houve um esfriamento e
a IPPC estima que a massa da neve deverá aumentar durante este século. Durante as décadas de 1930 e 1940, em que a temperatura
de toda a região ártica era superior à de hoje, a retração dos glaciais na Groelândia era maior do que a atual. A diminuição
da área dos glaciais ocorrida nos últimos 40 anos, deu-se essencialmente no Ártico, na Rússia e na América do Norte; na Eurásia
(no conjunto Europa e Ásia), houve de fato um aumento da área dos glaciais, que se pensa ser devido a um aumento de precipitação.
Estudos divulgados em Abril de 2004 procuraram demonstrar que a maior intensidade
das tempestades estava relacionada com o aumento da temperatura da superfície da faixa tropical do Atlântico. Esses fatores
teriam sido responsáveis, em grande parte, pela violenta temporada de furacões registrada nos Estados Unidos, México e países
do Caribe. No entanto, enquanto, por exemplo, no período de quarto-século de 1945-1969, em que ocorreu um ligeiro aquecimento
global, houve 80 furacões principais no Atlântico, no período de 1970-1994, quando o globo se submetia a uma tendência de
aquecimento, houve apenas 38 furacões principais. O que indica que a atividade dos furacões não segue necessariamente as tendências
médias globais da temperatura.
Determinação da temperatura global à superfície
A determinação da temperatura global à superfície é feita a partir de dados
recolhidos em terra, sobretudo em estações de medição de temperatura em cidades, e nos oceanos, recolhidos por navios. É feita
uma seleção das estações a considerar, que são as que se consideram mais confiáveis, e é feita uma correção no caso de estas
se encontrarem perto de urbanizações. As tendências de todas as seções são então combinadas para se chegar a uma temperatura
global.
O globo é dividido em seções de
5º latitude/5º longitude e é calculada uma média pesada da temperatura mensal média das estações escolhidas em cada seção.
As seções para as quais não existem dados são deixadas em branco, sem as estimar a partir das seções vizinhas, e não entram
nos cálculos. A média obtida é então comparada com a referência para o período de 1961-1990, obtendo-se o valor da anomalia
para cada mês. A partir desses valores é então calculada uma média pesada correspondente à anomalia anual média global para
cada Hemisfério e, a partir destas, a anomalia global.
Desde Janeiro de 1979, os satélites da NOAA passaram a medir a temperatura da
troposfera inferior (de 1000m a 8000m de altitude) através da monitorização das emissões de microondas por parte das moléculas
de oxigénio na atmosfera. O seu comprimento de onda está diretamente relacionado com a temperatura (estima-se uma precisão
de medida da ordem dos 0.01°C). Estas medições indicam um aquecimento de menos de 0.1°C, desde 1979, em vez dos 0.4°C obtidos
a partir dos dados à superfície.
É de notar que os dois conjuntos de dados não divergem na América do Norte,
Europa Ocidental e Austrália, onde se pensa que os dados das estações são registrados e mantidos de um modo mais fiável. É
apenas fora destas grandes áreas que os dados divergem: onde os dados de satélite mostram uma tendência de evolução quase
neutra, os dados das estações à superfície mostram um aquecimento significativo (Dentro da mesma região tropical, enquanto
os dados das estações na Malásia e Indonésia mostram um aquecimento, as de Darwin e da ilha de Willis, não.)
Existe controvérsia relativamente à explicação desta divergência. Enquanto alguns
pensam que existem erros graves nos dados recolhidos à superfície, e no critério de selecção das estações a considerar, outros
põem a hipótese de existir um processo atmosférico desconhecido que explique uma divergência em certas partes do globo entre
as duas temperaturas.
Por sua vez, Bjarne Andresen , professor do Niels Bohr Institute da Universidade
de Copenhaga, defende que é irrelevante considerar uma única temperatura global para um sistema tão complicado como o clima
da Terra. O que é relevante é o caracter heterogénio do clima e só faz sentido falar de uma temperatura no caso de um sistema
homogénio. Para ele, falar de uma temperatura global do planeta é tão inútil como falar no «número de telefone médio» de uma
lista telefónica.
Causas possíveis
O sistema climático varia através de processos naturais, internos e em resposta
a variações em fatores externos incluindo atividade solar, emissões vulcânicas, variações na órbita terrestre e gases estufa.
As causas detalhadas do aquecimento recente continuam sendo uma área ativa de pesquisa, mas o consenso científico identifica
os níveis aumentados de gases estufa devido a atividade humana como a principal influência. Essa atribuição se torna clara
ao se observar os últimos 50 anos, pelos quais a maior parte dos dados está disponível. Contrastando com o consenso científico,
outras hipóteses foram feitas para explicar a maior parte do aumento observado na temperatura global. Uma dessas hipóteses
é que o aquecimento é causado por flutuações no clima ou que o aquecimento é resultado principalmente da variação na radiação
solar.
Nenhum dos fatores condicionantes é instantâneo. Devido à inércia térmica dos
oceanos terrestres e lenta resposta de outros efeitos indiretos, o clima atual da Terra não está em equilíbrio com o condicionamento
imposto. Estudos de compromisso climático indicam que mesmo que gases estufa se estabilizassem nos níveis do dia presente,
um aquecimento adicional de aproximadamente 0,5 °C ainda ocorreria.
Gases Estufa na Atmosfera
O efeito estufa foi descoberto por Joseph Fourier em 1824 e investigado quantitativamente
pela primeira vez por Svante Arrhenius em 1896. Consiste no processo de absorção e emissão de radiação infravermelha pelos
gases atmosféricos de um planeta, resultando no aquecimento de sua superfície e atmosfera. Os gases estufa criam um efeito
estufa natural, sem o qual a temperatura média da Terra seria cerca de 30ºC mais baixa, tornando-a inabitável para a vida
como a conhecemos. Portanto, os cientistas não “acreditam” ou “se opõem” ao efeito estufa; o debate
consiste na discussão de quais gases contribuem para este efeito, através de mecanismos de realimentação positiva ou negativa.
Na Terra, os gases que mais contribuem para o efeito estufa são o vapor d’água, que causa de 36 a 70% do efeito natural
(não incluindo nuvens); O dióxido de carbono (CO2), que causa de 9 a 26%; O metano (CH4), causando entre
4 e 9%; E o ozônio, que causa entre 3 e 7%. As concentrações atmosféricas de CO2 e CH4 aumentaram em
31% e 149%, respectivamente, acima de níveis pré-industriais, desde 1750. Estes níveis são consideravelmente mais altos do
que em qualquer período nos últimos 650.000 anos, o período em que é possível extrair informações confiáveis das calotas polares.
Utilizando-se de evidências geológicas menos diretas, acredita-se que níveis tão altos de CO2 só estiveram presentes
na atmosfera há 20 milhões de anos atrás. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês)
defende que o aquecimento global tem como uma de suas principais causas a emissão de gases poluentes como o CO2
pelo homem, contribuindo para o efeito estufa. “Aproximadamente três quartos das emissões antropogênicas de CO2 para
a atmosfera durante os últimos 20 anos são devidas à queima de combustíveis fósseis. O resto das emissões são devidas predominantemente
às mudanças no uso da terra, especialmente o desmatamento.”[ A
atual concentração de gás carbônico na atmosfera é de aproximadamente 383 partes por milhão (ppm) em volume. Os níveis futuros de CO2 devem ser ainda maiores devido à ocorrência contínua dos motivos mencionados
anteriormente. A taxa de aumento irá depender de fatores econômicos, sociológicos, tecnológicos e naturais incertos, mas está
limitada, em última análise, pela disponibilidade total de combustíveis fósseis. O “Relatório Especial de Cenários de
Emissão” (Special Report on Emissions Scenarios, originalmente), do IPCC, prevê vários cenários futuros possíveis para
a concentração de CO2, variando entre 541 e 970ppm no ano de 2100. As reservas de combustível fóssil são suficientes
para alcançar este patamar e continuar as emissões além de 2100, se carvão, piche ou hidratos de metano forem extensivamente
utilizados. Efeitos como a liberação de metano, devido ao derretimento do permafrost (possíveis 70.000 toneladas), podem levar
a uma intensificação adicional do efeito estufa, não incluída no modelo climático do IPCC.
Feedbacks
Os efeitos de agentes externos no clima são complicados por vários processos
cíclicos e auto-alimentados, chamados de Feedbacks. Um dos mais pronunciados desses processos está relacionado com a evaporação
da água. O CO2 injetado na atmosfera ocasiona o aquecimento da mesma e da superfície da Terra. O aquecimento leva
a mais evaporação de água, e, como o vapor d’água é um gás estufa, isso leva a mais aquecimento, o que por sua vez causa
mais evaporação de água, e assim por diante, até ser alcançado um novo equilíbrio dinâmico, com aumento da umidade e da concentração
de vapor d’água, levando a um aumento no efeito estufa muito maior do que aquele devido apenas ao aumento da concentração
de CO2. Esse efeito só pode ser revertido muito lentamente, visto que o CO2 tem um tempo médio de vida
na atmosfera muito longo.Um feedback ainda sujeito a pesquisa e debate é o ocasionado pelas nuvens. Vistas de baixo, as nuvens
emitem radiação infravermelha de volta à superfície, aquecendo a mesma. Vistas de cima, elas refletem a luz do sol e emitem
radiação infravermelha para o espaço, resfriando o planeta. O aumento da concentração global de vapor d’água pode ou
não causar um aumento na cobertura de nuvens mundial média. Portanto, o papel efetivo das nuvens ainda não está bem definido;
no entanto, seus efeitos são menos relevantes apenas que os do vapor d’água, e, nos modelos do IPCC, elas contribuem
para o aquecimento<. Outro feedback relevante é a relação gelo-albedo. A taxa aumentada de CO2 na atmosfera
eleva a temperatura da Terra e leva ao derretimento do gelo próximo aos pólos. Com o derretimento do gelo, terra ou mar aberto
ocupam seu lugar. Ambos são, em média, substratos com menor capacidade de reflexão que o gelo, e, portanto, absorvem mais
radiação solar. Isso causa ainda mais aquecimento, gerando mais derretimento de gelo, e o ciclo continua. O feedback positivo
(pró-aquecimento) devido à liberação de CO2 e CH4 com o derretimento do permafrost é mais um mecanismo
que contribui para o aquecimento. Além disso, a liberação de metano devido ao descongelamento de fundos oceânicos é mais um
mecanismo a ser considerado. A capacidade oceânica de absorção de carbono diminui com o aquecimento, porque os baixos níveis
de nutrientes na zona mesopelágica limitam o crescimento de algas, favorecendo o desenvolvimento de espécies fitoplânctonicas
menores, que não são tão boas absorventes de carbono.
Variação Solar
Estudos recentes parecem indicar que a variação da radiação solar, potencialmente
ampliada pela ação do feedback das nuvens, poderá ter contribuído em cerca de 45–50% para o aquecimento global ocorrido
entre 1900 e 2000, e em 25-35% entre 1980 e 2000. Foram publicados artigos de autoria de dois pesquisadores da universidade
Duke, nos EUA, segundo os quais os modelos climáticos vigentes superestimam o efeito relativo dos gases estufa, comparados
com o efeito da luz solar; eles dizem ainda que os efeitos de cinzas vulcânicas e aerossóis foram subestimados. Ainda assim,
eles concluem que, mesmo considerando o fator solar, a maior parte do aquecimento global nas últimas décadas é atribuível
aos gases estufa. Outros pesquisadores são mais radicais, diminuindo fortemente a importância de fatores antropogênicos no
aquecimento global. Os defensores da teoria da responsabilidade das emissões antropogênicas, durante a era industrial, afirmam
que a variação da radiação foi de 2,4W/m², dos quais, como foi indicado pelo IPCC 2001, 0,6W/m² durante os últimos 20 anos.
Ora, (1) entre 2000 e 2004, a variação da radiação solar, estimada por satélites de órbita baixa, foi de 2,06W/m² - Wielicki
et al.: (2)Pincker et al. registraram, entre 1983 e 2001, que a variação da radiação solar absorvida pela Terra foi de 2,7W/m²;
(3)Wild et al. registraram, por medições terrestres, que a variação da radiação absorvida foi de 4,4W/m²! Embora haja desencontros
nos números apresentados, pode-se admitir o valor mais baixo para as variações entre 1983 e 2001 de 2,7W/m². Admitindo-se
uma variação média obtida entre 2000 e 2004 no valor de 1,5W/m², atinge-se o valor de 4,2W/m². Tal valor é muito alto quando
comparado com os números do IPCC, de 0,6W/m² nos últimos 20 anos. Dessa forma, a influência do efeito estufa no aquecimento
global deixa de ser significativa e, da mesma forma, as contramedidas para combatê-lo (Protocolo de Quioto) tornam-se desnecessárias
e danosas ao desenvolvimento humano.
Para além da variação da irradiação solar, a variação do campo magnético solar
poderá estar na origem de aquecimento à superfície da Terra pela sua influência na quantidade de radição cósmica que atinge
o planeta. Uma equipa do Centro Espacial Nacional Dinamarquês encontrou evidência experimental de que a radiação cósmica proveniente
da explosão de estrelas pode promover a formação de nuvens na baixa atmosfera. Como, durante o século XX, o campo magnético do Sol, que protege a Terra da radiação cósmica, mais do que duplicou
em intensidade, o fluxo de radiação cósmica foi menor. Isso poderá ter reduzido o número de nuvens de baixa altitude na Terra,
que promovem um arrefecimento da atmosfera. Os electrões libertados no ar pela passagem da radiação cósmica, composta por
partículas atómicas que vêm da explosão das estrelas, ajudam à formação dos núcleos de condensação sobre os quais o vapor
de água condensa para fazer nuvens. Este pode ser um factor muito importante, e até agora descurado, na explicação do aquecimento
global durante o último século. Foi durante o período quente da Idade Média, quando o Sol estava tão activo como hoje, que
os Viking começaram a colonizar a Groenlândia. Nessa altura, a Grã-Bretanha era um país produtor de vinho. No século XVII,
quando se deu a Pequena Idade do Gelo, a actividade magnética solar diminuiu muito e as manchas solares quase desapareceram
completamente, durante cerca de 150 anos. E, nessa altura, os Vikings abandonaram a Groenlândia, cuja vegetação passou de
verdejante a tundra. A Finlândia perdeu um terço da sua população e a Islândia metade. O porto de Nova Iorque gelou e podia-se
ir a pé da ilha de Manhattan à de Staten Island. No início do século XIX, houve uma diminuição menor da actividade magnética
solar que foi acompanhada também de um arrefecimento que durou só 30 anos. O carbono-14 radioactivo e outros átomos raros
produzidos na atmosfera pelas partículas cósmicas fornecem um registo de como as suas intensidades variaram no passado e explicam
a alternância entre períodos frios e quentes durante os últimos 12000 anos. Sempre que o Sol era fraco e a radiação cósmica
forte, seguiram-se condições frias, como a mais recente, na Pequena Idade do Gelo de há 300 anos. Considerando escalas de
tempo mais longas, encontra-se uma explicação credível para as variações de maior amplitude do clima da Terra.
Recuperação do planeta depois da Pequena Era Glacial
A recessão dos glaciares e da calote polar do Ártico não são fenómenos recentes.
Já ocorrem desde 1800, ou mesmo antes disso. E data da mesma altura o aumento de temperatura global a uma taxa quase constante
(de cerca de +0.5°C/100 anos), que começou por isso antes do rápido aumento de CO², iniciado por volta de 1940. Isso pode
significar que este aquecimento quase linear é natural, podendo ser apenas a recuperação do planeta depois da Pequena Era
Glacial, que ocorreu entre o século XIII e XVII..
História
Desde o período atual até o início da humanidade
As temperaturas globais tanto na terra como no mar aumentaram em 0,75 °C relativamente
ao período entre 1860 e 1900, de acordo com o registro instrumental de temperaturas. Esse aumento na temperatura medido não
é significativamente afetado pela ilha de calor urbana. Desde 1979, as temperaturas em terra aumentaram quase duas vezes mais
rápido que as temperaturas no oceano (0,25 °C por década contra 0,13 °C por década). Temperaturas na troposfera mais baixa
aumentaram entre 0,12 e 0,22 °C por década desde 1979, de acordo com medições de temperatura via satélite. Acredita-se que
a temperatura tem sido relativamente estável durante os 1000 anos que antecederam 1850, com possíveis flutuações regionais
como o período de calor medieval ou a pequena idade do gelo.
Baseado em estimativas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA (Goddard
Institute for Space Studies, no original), 2005 foi o ano mais quente desde que medições instrumentais confiáveis tornaram-se
disponíveis no fim do século XIX, ultrapassando o recorde anterior marcado em 1998 por alguns centésimos de grau. Estimativas
preparadas pela Organização Meteorológica Mundial e a Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia concluíram
que 2005 foi o segundo ano mais quente, depois de 1998.
Emissões antropogênicas de outros poluentes - em especial aerossóis de sulfato
– podem gerar um efeito refrigerativo através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso explica em parte o resfriamento
observado no meio do século XX, apesar de que o resfriamento pode ser também em parte devido à variabilidade natural.
O paleoclimatologista William Ruddiman argumentou que a influência humana no
clima global iniciou-se por volta de 8.000 anos atrás, com o início do desmatamento florestal para o plantio e 5.000 anos
atrás com o início da irrigação de arroz asiática. A interpretação que Ruddiman deu ao registro histórico com respeito aos
dados de metano tem sido disputado.
A variabilidade do clima da Terra
O planeta já sofreu, ao longo de sua existência de 4,5 bilhões de anos, processos
de resfriamentos e aquecimentos extremos. Está comprovado que houve alternância de climas quentes e frios (Terra estufa -
"hothouse" - e Terra geladeira - "icehouse", na linguagem dos paleoclimatologistas), sendo este um fenômeno corrente na história
do planeta. Atualmente o planeta está na situação de geladeira.
O último episódio de resfriamento ou glaciação, iniciado no Pleistoceno - 1,8
milhões de anos antes do presente- teve seu ápice há cerca de 18.000 anos, quando, então, começou o processo de aquecimento,
que continua nos dias de hoje. No entanto, o aquecimento não se dá sobre uma curva contínua. Neste espaço de tempo de 18.000
anos houve épocas de aquecimento e resfriamento, causando variações às vezes bruscas de temperaturas em períodos variáveis,
mas que podiam ser de décadas ou menos, de vários graus Celsius. A comprovação destes fatos é fornecida pela análise de testemunhos
de sondagens, de centenas de metros, obtidos no Ártico e na Antártida, através da análise da composição isotópica do oxigênio
encontrado nas bolhas de ar presas no gelo.
Durante os últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por quatro episódios
extremamente quentes ("hothouse episodes"), sem gelo e com níveis elevados dos oceanos, e quatro episódios extremamente frios("icehouse
episodes"), como o que vivemos actualmente, com camadas de gelo, glaciares e níveis de água relativamente baixos nos oceanos.
Pensa-se que esta variação de mais longo termo se deve a variações no influxo de radiação recebida devidas à viagem do nosso
sistema solar através da galáxia, correspondendo os episódios mais frios a encontros com os braços espirais mais brilhantes,
onde a radiação é mais intensa. Os episódios frios mais frequentes, cada 34 milhões de anos, mais ou menos, ocorrem provavelmente
quando o sistema solar passa através do plano médio da galáxia. Os episódios extremamente frios de há 700 e 2300 milhões de
anos, em que até no equador havia gelo, correspondem a períodos em que havia uma taxa de nascimentos de estrelas na nossa
galáxia anormalmente alta, implicando um grande número de explosões de estrelas e uma radiação cósmica muito intensa.
O carbono-14 radioactivo e outros átomos raros produzidos na atmosfera pelas
partículas cósmicas fornecem um registo de como as suas intensidades variaram no passado e explicam a alternância entre períodos
frios e quentes durante os últimos 12000 anos. Sempre que o Sol era fraco e a radiação cósmica forte, seguiram-se condições
frias, como a mais recente, na Pequena Idade do Gelo de há 300 anos. Considerando escalas de tempo mais longas, encontra-se
uma explicação credível para as variações de maior amplitude do clima da Terra .
Modelos climáticos
O alarme com o aquecimento global deriva, sobretudo, dos resultados das simulações
estatísticas feitas com base em modelos numéricos climáticos e não da observação direta da evolução de variáveis físicas reais.
Quando a concentração de gases de efeito de estufa é aumentada nessas simulações, quase todas elas mostram um aumento na temperatura
global, sobretudo nas mais altas latitudes do Hemisfério Norte. No entanto, os modelos atualmente usados não simulam todos
os aspectos do clima e fazem várias previsões erradas para a época actual: nomeadamente, prevêem o dobro do aquecimento que
tem sido efetivamente observado e, por exemplo, uma diminuição de pressão no Oceano Índico, uma área muito sensível para o
sistema global, quando se observa o contrário. Estudos recentes indicam igualmente que a influência solar poderá ser significativamente
maior da que é suposta nos modelos.
Embora se fale de um consenso de uma maioria dos cientistas de que modelos melhores
não mudariam a conclusão de que o aquecimento global é sobretudo causado pela ação humana, existe também um certo consenso
de que é provável que importantes características climáticas estejam sendo incorretamente incorporadas nos modelos climáticos.
De facto, nesses modelos, os parâmetros associados ao efeito de estufa são «afinados» inicialmente de modo a que os modelos
forneçam uma estimativa correcta do aumento de temperatura observado nos últimos 100 anos (0.6°-0.7°C). Ou seja, as simulações
partem do princípio que é realmente o efeito de estufa que está na origem desse aquecimento. Se houver outras causas naturais
desconhecidas para o aquecimento, como as associadas à influência solar e à recuperação desde a Pequena Idade do Gelo, elas
não podem ser incluídas na modelação. De facto, os modelos não permitem fazer previsões mas apenas fazer projecções,
ou conjecturas, sobre o clima futuro com base em simulações correspondendo a vários cenários possíveis.
A maioria dos modelos climáticos globais, quando usados para projetar o clima
no futuro, é forçada por cenários de gases do efeito estufa, geralmente o do Relatório Especial sobre Cenários de Emissçao
do IPCC. Menos freqüentemente, os modelos podem ser usados adicionando-se uma simulação do ciclo do carbono; isso geralmente
mostra uma resposta positiva, apesar dela ser incerta. Alguns estudos de observação também mostram uma resposta positiva.
São essas limitações dos modelos usados para as previsões, que não têm
em conta o desconhecimento actual sobre as causas naturais para as variações da temperatura ocorridas durante os últimos milénios,
que fazem com que muitos climatólogos acreditem que a parte do aquecimento global causado pela ação humana é bem menor do
que se pensa atualmente.
Modelo de Hansen
Em setembro de 2006, James Hansen, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais
da Nasa, juntamente com seus colaboradores, publicou na revista "PNAS", da Academia Nacional de Ciências dos EUA, uma matéria
em que são apresentadas informações detalhadas de um modelo climático aperfeiçoado desde os anos 80, alimentado por medições
originadas de satélites, navios e estações meteorológicas no mundo inteiro.
O estudo afirma que nos últimos 30 anos o planeta esquentou 0,6°C, perfazendo
um aumento total de 0,8°C no século XX. A temperatura média atual é a maior dos últimos 12 mil anos, faltando apenas mais
1°C para que seja a mais alta do último milhão de anos.
Segundo Hansen, caso o aquecimento aumente a temperatura média em mais 2°C ou
3°C, o cenário geográfico do planeta será radicalmente diferente do atual. A última vez em que a Terr esteve tão quente foi
3 milhões de anos atrás, na época do Plioceno, quando o nível do mar estava vinte e cinco metros acima do atual.
Verificou-se que o aquecimento foi maior na região do pólo norte, porque o gelo
derretido nessa área expôs água, terra e rochas com cores mais escuras, diminuindo o albedo local e, conseqüentemente, a absorção
de calor solar foi maior.
A temperatura da água está sofrendo alterações mais lentas, mas foi registrado
aquecimento dos oceanos Índico e Pacífico, o que fará com que fenômenos como o El Niño sejam mais significativos nos próximos
anos.
Conseqüências
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente
o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Importantes mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas
ao aquecimento global. Os exemplos de evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível
do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das conseqüências do aquecimento global que podem influenciar não somente
as atividades humanas mas também os ecossistemas. Aumento da temperatura global permite que um ecossistema mude; algumas espécies
podem ser forçadas a sair dos seus hábitats (possibilidade de extinção) devido a mudanças nas condições enquanto outras podem
espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.
Nível dos Oceanos
Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez
que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade do ecossistema. Observações
de satélites mostram que a produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado é fato de que o total da
quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir ainda
mais um pequeno número de espécies que esteja florescendo.
Uma outra causa de grande preocupação é o aumento do nível médio das águas do
mar. O nível dos mares está aumentando em 0.01 a 0.025 metros por década o que pode fazer com que no futuro algumas ilhas
de países insulares no Oceano Pacífico fiquem debaixo de água. O aquecimento global provoca subida dos mares principalmente
por causa da expansão térmica da água dos oceanos. O segundo fator mais importante é o derretimento de calotas polares e camadas
de gelo sobre as montanhas, que são muito mais afetados pelas mudanças climáticas do que as camadas de gelo da Gronelândia
e Antártica, que não se espera que contribuam significativamente para o aumento do nível do mar nas próximas décadas, por
estarem em climas frios, com baixas taxas de precipitação e derretimento. Alguns cientistas estão preocupados que no futuro,
a camada de gelo polar e os glaciares derretam significativamente. Se isso acontecesse, poderia haver um aumento do nível
das águas, em muitos metros. No entanto, os cientistas não esperam um maior derretimento nos próximos 100 anos e prevê-se
um aumento do nível das águas entre 14 e 43 cm até o fim deste século.(Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande
imprensa para as percepções gerais de que as mudanças climáticas).
Foi preciso ter em conta muitos fatores para se chegar a uma estimativa do aumento
do nível do mar no passado. Mas diferentes investigadores, usando métodos diferentes, acabaram por confirmar o mesmo resultado.
O cálculo que levou à conclusão não foi simples de fazer. Na Escandinávia, por exemplo, as medidas realizadas parecem indicar
que o nível das águas do mar está a descer cerca de 4 milímetros por ano. Mas pensa-se que isso se deve ao fato da Escandinávia
estar ainda a subir, depois de ter sido pressionada por glaciares de grande massa durante a última era glacial. No norte das
Ilhas Britânicas, o nível das águas do mar está também a descer, enquanto no sul se está a elevar. Em Bangkok, por causa do
grande incremento na extração de água para uso doméstico, o solo está a afundar-se e os dados parecem indicar que o nível
das águas do mar subiu cerca de 1 metro nos últimos 30 anos.
O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação nos oceanos
o que fará com que haja na atmosfera mais vapor de água (o gás de estufa mais importante, sobretudo porque existe em grande
quantidade na nossa atmosfera). Isso poderá fazer com que aumente cada vez mais o efeito de estufa e com que o aquecimento
da superfície seja reforçado. Podemos, nesse caso, esperar um aquecimento médio de 4 a 6ºC na superfície. Mas mais umidade
(vapor de água) no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera o que se pensa que, em média, poderá
causar um efeito de arrefecimento.
As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque controlam
a energia que entra e que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra, ao refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la
por absorção da radiação infravermelha radiada pela superfície, de um modo análogo ao dos gases associados ao «efeito de estufa».
O efeito dominante depende de muitos fatores, nomeadamente da altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas.
Por outro lado, o aumento da evaporação poderá provocar pesados aguaceiros e
mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar resultados mais extremos no clima, com um progressivo aquecimento
global.
O aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios. A Corrente
do Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre os mares. E aparentemente ela está diminuindo
à medida que a temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas
pela corrente poderão apresentar climas mais frios a respeito do aumento do aquecimento global.
O aumento no número de mortos, desabrigados e perdas econômicas previstas devido
ao clima severo atribuído ao aquecimento global pode ser piorado pelas densidades crescentes de população em áreas afetadas,
apesar de ser previsto que as regiões temperadas tenham alguns benefícios menores, tais como poucas mortes devido à exposição
ao frio. Um sumário dos prováveis efeitos e conhecimentos atuais pode ser encontrado no relatório feito para o “Terceiro
Relatório de Balanço do IPCC” pelo Grupo de Trabalho 2. Já o resumo do mais recente, “Quarto Relatório de Balanço
do IPCC”, informa que há evidências observáveis de um aumento no número de ciclones tropicais no Atlântico Norte desde
por volta de 1970, em relação com o aumento da temperatura da superfície do mar, mas que a detecção de tendências a longo
prazo é difícil pela qualidade dos registros antes das observaçõe rotineiras dos satélites. O resumo também diz que não há
uma tendência clara do número de ciclones tropicais no mundo.
Efeitos adicionais antecipados incluem aumento do nível do mar de 110 a 770
milímetros entre 1990 e 2100, repercussões na agricultura, possível desaceleração da circulação termohalina, reduções na camada
de ozônio, aumento na intensidade e freqüência de furacões, baixa do pH do oceano e propagação de doenças como malária e dengue.
Um estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e animais serão extintas até 2050, baseado nas projeções do clima
no futuro.
Adaptação Político-Econômica
A grande afirmação dos cientistas climáticos de que as temperaturas globais
continuarão a aumentar tem levado nações, estados, empresas e cidadãos a implementar ações para tentar reduzir o aquecimento
global ou ajustar-se a ele. Muitos grupos ambientais encorajam ações contra o aquecimento global, freqüentemente por parte
dos consumidores, mas também pela comunidade e organizações. Também tem havido negócios econômicos na mudança climática, incluindo
esforços no aumento da eficiência de energia e uso de fontes alternativas, apesar de ser de forma limitada. Uma importante
inovação é o desenvolvimento de um comércio de emissões dos gases do efeito estufa. Empresas, em conjunto comos governos,
concordam em limitar suas emissões ou comprar créditos daqueles que emitiram menos do que é permitido. O principal acordo
mundial para combater o aquecimento global é o Protocolo_de_Quioto, uma emenda à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
a Mudança do Clima (CQNUMC) , negociado em 1997. O protocolo conta com mais de 160 países e mais de 55% da emissão de gases
do efeito estufa. Os Estados Unidos, o maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, Austrália e Cazaquistão recusaram-se
a ratificar o tratado. China e Índia, dois outros grande emissores, ratificaram o tratado, mas como países em desenvolvimento,
estão isentos de algumas cláusulas. Este tratado expira em 2012, e debates internacionais iniciaram-se em maio de 2007 sobre
um novo tratado para suceder o vigente. O aumento das descobertas científicas sobre o aquecimento global tem resultado em
debates políticos e econômicos. Regiões pobres, em particular a África, têm grandes chances de sofrerem a maior parte dos
efeitos do aquecimento global, enquanto suas emissões são desprezíveis em relação às emissões dos países desenvolvidos. Ao
mesmo tempo, isenções de países em desenvolvimento de algumas cláusulas do Protocolo de Kyoto têm sido criticadas pelos Estados
Unidos e estão sendo usadas como sua justificativa para não ratificar o protocolo. No ocidente, a idéia da influência humana
no clima e os esforços para combatê-lo ganharam maior aceitação na Europa que nos Estados Unidos. Empresas de combustíveis
fosséis como a ExxonMobil lançaram campanhas para tentar diminuir a importância dos riscos das mudanças climáticas, enquanto
grupos ambientais fazem o contrário, evidenciando a divisão entre os que defendem a teoria antropocêntrica e os que defendem
a teoria natural. Este problema acendeu debates nos Estados Unidos sobre os benefícios em limitar as emissões industriais
de gases do efeito estufa para reduzir os impactos no clima versus os efeitos que isso causaria na atividade econômica. Há
também discussões em diversos países sobre o custo de adotar fonts de energia alternativas e mais limpas para reduzir as emissões.
Outro ponto do debate é o grau com que países recém-industrializados, como China e Índia, deveriam ter o privilégio de aumentar
suas emissões industriais, especialmente a China, uma vez que se espera que ela ultrapasse os Estados Unidos na emissão de
gases do efeito estufa até 2010.
Curiosidades
- 1,1 a 6,5 °C. De acordo com estimativas feitas pelo
painel intergovernamental de mudança climática, em 2007, essa é a faixa de elevação que pode sofrer a temperatura média global
até o final deste século. (A previsão anterior era de 1,6 a 5,8 °C, o que implica um aumento de incerteza quanto a esta previsão.)
- 2.000 quilômetros quadrados. Todo ano, áreas desse
tamanho se transformam em deserto devido à falta de chuvas.
- 40% das árvores da Amazônia podem desaparecer antes
do final do século, caso a temperatura suba de 2 a 3 graus.
- 2.000 metros. Foi o comprimento que a geleira Gangotri
(que tem agora 25 km), no Himalaia, perdeu em 150 anos. E o ritmo está acelerando.
- 750 bilhões de toneladas. É o total de CO2
na atmosfera hoje.
- 2050. Cientistas calculam que, quando chegarmos a
esse ano, milhões de pessoas que vivem em deltas de rios serão removidas, caso seja mantido o ritmo atual de aquecimento.
- a calota polar irá desaparecer por completo dentro
de 100 anos, de acordo com estudos publicados pela National Sachetimes de Nova Iorque em julho de 2005, isso irá provocar
o fim das correntes marítimas no oceano atlântico, o que fará que o clima fique mais frio, é a grande contradição de aquecendo
esfria.
- o clima ficará mais frio apenas no hemisfério norte,
quanto ao resto do mundo a temperatura média subirá e os padrões de secas e chuvas serão alterados em todo o planeta.
- o aquecimento da terra e também outros danos ao ambiente
está fazendo com que a seleção natural vá num ritmo 50 vezes mais rápido do que o registrado a 100 anos.
- de 9 a 58% das espécies em terra e no mar vão ser
extintas nas próximas décadas, segundo diferentes hipóteses.
A disputa pelas causas do aquecimento global
A teoria do efeito estufa é um assunto estritamente científico que trata do
aquecimento adicional dos ambientes planetários que possuem alguma atmosfera ou simplesmente das estufas de vidro para a criação
de plantas. Sobre este assunto não há qualquer controvérsia. A controvérsia, que se tornou mais política do que científica,
advém das causas do aquecimento global acelerado (do último século e meio) que a maioria dos pesquisadores imputa às emissões
de gases estufa na atmosfera devido a ações humanas. Um grupo menor de cientistas, embora concorde que está ocorrendo de fato
o aquecimento global, afirma que as causas principais são de ordem natural, principalmente astronômica, isto é, o aumento
da radiação solar por causas não completamente conhecidas.
A disputa a nível político e público tem sobretudo que ver com saber se algo
pode e deve ser feito, e sobre que acções seriam efectivas em termos de custo/benefício, para tentar reduzir ou reverter o
aquecimento futuro, ou para lidar com as suas esperadas consequências.
A opinião dos que acreditam nas causas antropogênicas
O IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, estabelecido
pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988) no seu relatório mais recente[ diz que a
maioria do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve muito provavelmente a um aumento do efeito de estufa,
havendo evidência forte de que a maioria do aquecimento seja devido a atividades humanas (incluindo, para além
do aumento de gases de estufa, outras alterações como, por exemplo, as devidas a um maior uso de águas subterrâneas e de solo
para a agricultura industrial e a um maior consumo energético e poluição).
O aquecimento global somente entrou na pauta política nos anos 1980, que culminou
com a conferência internacional conhecida por Rio 92, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Nesta conferência foi adotada a
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. "Ao estabelecer um processo permanente de revisão, discussão
e troca de informações, a Convenção possibilita a adoção de compromissos adicionais em resposta a mudanças no conhecimento
científico e disposições políticas. A primeira revisão da Convenção ocorreu em 1995, em Berlim. Nesta ocasião as partes concordaram
que a decisão de que os países desenvolvidos voltariam aos níveis de emissão de CO2 de 1990 até o ano de 2000 era inadequada.
Após várias rodadas de discussões foi realizada a reunião de Quioto, no Japão, com a presença de cerca de 10.000 delegados.
A decisão de consenso foi adotar um Protocolo segundo o qual os países industrializados reduziriam suas emissões combinadas
de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990 até o período entre 2008 e 2012. O Protocolo de Quioto,
como ficou conhecido, foi ratificado por mais de 60% dos países emissores (ratificação da Rússia, responsável por 17% das
emissões, em 2004), passando então a ter validade.
Os sinais evidentes do aquecimento global já podem ser sentidos em todas as
regiões do mundo, com verões cada vez mais quentes e invernos cada vez mais curtos e menos frios. O efeito estufa ocasiona
ainda o derretimento do gelo principalmente das geleiras continentais, o afinamento da espessura das placas e gelo no mar
Ártico e mesmo o desaparecimento da camada do gelo que cobria este oceano mesmo no verão do hemisfério norte. As mudanças
climáticas se expressam, também, pelo aumento dos desastres naturais tais como as grandes inundações, secas de longa duração,
tufões em maior quantidade e intensidade, aparecendo, com mais freqüência, em regiões extra-tropicais, recrudescimento do
fenômeno "El Niño" com suas más conseqüências para o clima e para a economia das regiões pesqueiras de todo o oceano pacifico.
A opinião dos céticos
Nos dias atuais não se discute mais se o clima da Terra está em processo de
aquecimento ou não. Todos os cientistas, de um lado e do outro do muro, concordam que sim. O que se disputa acirradamente
são as causas do aquecimento e as medidas preventivas para melhorar o futuro da humanidade diante das conseqüências desastrosas
que se avizinham.
A "opinião da moda", como dizem os céticos, é que o aumento das emissões dos
gases estufas são os vilões da história. Os céticos, por sua vez, não discordam da influência do efeito estufa no aquecimento
global. Afirmam, entretanto que outras causas naturais, muito mais poderosas, explicam de forma satisfatória o fenômeno do
aquecimento acelerado dos últimos 100 anos.
Aquecimento global e possíveis impactos na Amazônia
Analisando quantitativamente as prováveis alterações e redistribuições dos grandes
biomas brasileiros em resposta a cenários de mudanças climáticas projetadas por seis diferentes modelos climáticos globais
avaliados pelo IPCC para o final do Século XXI, temos resultados diferentes para cada projeção de modelo climático, resultado
das projeções convergirem para o estudo do aumento da temperatura. Com uma media das projeções, obtemos um aumento da áreas
de savana na América do sul tropical, dentre esses modelos alguns indicam diminuição das chuvas na Amazônia, outros não indicam
alteração, enquanto um deles chega projetar aumento das chuvas. Alguns estudos sobre resposta das espécies da flora e da fauna
Amazônica e do Cerrado indicam que para um aumento de 2 a 3 C na temperatura média até 25% das árvores do cerrado e até cerca
de 40% de árvores da Amazônia poderiam desaparecer até o final deste Século.
Impactos na agricultura brasileira
Analisando os impactos na agricultura temos como primeira conseqüência é o aumento
nas taxas evapotranspirativas, promovendo maior consumo de água das plantas, como segunda a redução do ciclo das culturas,
tornando-as mais eficientes em termos de assimilação e transformação energética, porém mais sensíveis à deficiência hídrica.
Analisando o caso da soja, segundo o estudo feito, há uma redução média de 60%
na área favorável para o cultivo de soja, onde a região sul seria a mais afetada, com forte redução de produção.
Analisando várias culturas, percebemos um maior impacto relativo ao aumento
de temperatura para a soja. O aumento na temperatura reduziria o risco de geada, porém aumentaria os riscos de abortamento
de flores. Para o caso do café Considerando um aumento de 1,0 C, e a redução das áreas cultivadas com café nos estados de
Minas Gerais, Paraná e São Paulo o impacto econômico previsto é estimado em US$ 375 milhões por ano, equivalente à redução
de 4 milhões de saca de café/ano.
As seis pragas do Aquecimento Global
1. O Ártico e a Groelândia estão derretendo
A cobertura de gelo da região
no verão diminuiu ao ritmo constante de 8% ao ano há três décadas. No entanto, a temperatura na região era superior à actual
nas décadas de 1930 e 1940, sendo os glaciares mais pequenos do que hoje. Em 2005, a camada de gelo foi 20% menor em relação
à de 1979, uma redução de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, o equivalente à soma dos territórios da França, da Alemanha
e do Reino Unido. No entanto, no Hemisfério Sul, durante os últimos 35 anos, o derretimento apenas aconteceu em cerca de 2%
da Antártida, onde 90% do gelo do planeta está acumulado; nos restantes 98%, houve um esfriamento e a IPPC estima que a massa
da neve deverá aumentar durante este século. Mesmo um aquecimento de 3 a 6 graus tem um efeito relativamente insignificante
já que a temperatura média da Antártida é de 40 graus negativos. É de notar igualmente que no período quente da Idade Média
havia quintas dos Viking na Groenlândia e também não havia gelo no Ártico. E, mesmo que derretesse todo o gelo do Ártico,
isso não afetaria o nível da água nos oceanos porque se trata de gelo flutuante: o volume de água criado seria igual ao volume
de água deslocado pelo gelo quando flutua.
2. Os furacões estão cada vez mais fortes
Devido ao aquecimento das águas,
a ocorrência de furacões das categorias 4 e 5 (os mais intensos da escala), dobrou nos últimos 35 anos.
3. O Brasil na rota dos ciclones
O litoral sul do Brasil foi
varrido por um forte ciclone em 2004.
4. O nível do mar subiu
A elevação desde o início do
século passado está entre 10 e 25 centímetros. Em certas áreas litorâneas, como algumas ilhas do Pacífico, isso significou
um avanço de 100 metros na maré alta. Actualmente (Setembro de 2006), o painel intergovernamental de mudança climática estima
que o nível das águas poderá subir entre 14 e 43 cm até o fim deste século. Estudos recentes parecem indicar que, contrariamente
ao que antes se pensava, o aumento das taxas de CO2 na atmosfera não está provocando nenhuma aceleração na taxa
de subida do nível do mar[.
5. Os desertos avançam
O total de áreas atingidas
por secas dobrou em trinta anos. Um quarto da superfície do planeta é agora de deserto. Só na China, as áreas desérticas avançam
10.000 quilômetros quadrados por ano, o equivalente ao território do Líbano.
6. Já se contam os mortos
A Organização das Nações Unidas
estima que 150.000 pessoas morrem anualmente por causa de secas, inundações e outros fatores relacionados diretamente ao aquecimento
global. Estima-se que em 2030, o número dobrará.
|